domingo, 30 de novembro de 2008

APOLLO X ROCKY. (Os 7 Pecados Capitais- INVEJA)

A inveja é um sentimento feio.
Até o invejoso deve achar, pois nem ele admite tê-la.
Mas o que é realmente a inveja?
"... o grande filme, que vai de Adão ao Anticristo, era sobre mim. (...) A principal mentira com que tive que lidar foi esta: a vida é uma história sobre mim" - Donald Miller, em "Como os Pingüins me ajudaram a entender Deus"
O que Donald Miller escreveu faz muito sentido, pois muitas vezes a inveja existe porque não se aceita ser coadjuvante em hipótese alguma, pois, quando a meta é ser o protagonista, ninguém pode aparecer mais.
Desde criança, eu e meu irmão César, amamos os filmes de Rocky Balboa mas, ainda que eu goste muito do personagem interpretado por Sylvester Stallone, me identifico mais com Apollo Creed. No primeiro filme da série, "Rocky, Um Lutador" , Apollo Creed é o campeão mundial de boxe na categoria peso - pesado. Rico e arrogante, dá a Rocky, um lutadorzinho desconhecido, a chance de enfrentá-lo, apenas para se auto - promover acreditando que vai massacrá-lo. Mas após todos rounds a luta termina em um empate emocionante.
Em "Rocky II" , Apollo passa o filme inteiro provocando Rocky public

amente para forçar uma revanche, e provar que ainda é o nº 1. Derrotado por Rocky no novo confronto, Apollo reconhece o valor do adversário e o saúda "Você é o maior, Rocky! Você é o maior!"

No terceiro filme, Rocky e Apollo Creed são derrotados por um boxeador mais jovem. Apollo torna-se amigo e treinador de Rocky, ajudando-o a vencer na revanche contra (falta nome do lutador) No "Rocky IV" , Apollo morre logo no início numa luta contra o boxeador russo Drago (o ator holandês, Dolph Lundgren) que é uma máquina humana de moer carne. Vingar a morte do amigo é a principal motivação de Rocky para enfrentar e vencer Drago.

Podemos tirar alguns ensinamentos de Apollo Creed (Serviram pra mim, talvez sirvam pra você):
+ Mesmo tendo sido um sabe - tudo arrogante na juventude como Apollo Creed, reconhecer que foi um idiota e fazer as pazes com o protagonista redime dos erros do passado. Mesmo que se faça isso no finalzinho do segundo filme.
+ Ajude os outros a brilhar e seu próprio brilho será notado. Deixe de querer os holofotes só sobre você. Você ganha mais que um amigo, ganha a simpatia do público. (Deu certo com Apollo Creed em "Rocky III" ).
+ Vão sentir sua falta imensamente, e todo mundo vai achar que as coisas eram bem mais interessantes com você por perto. Você não precisa morrer, como Apollo Creed em "Rocky IV" . Mas, fala sério, que graça teve o filme depois da morte de Apollo? E quem realmente gostou de "Rocky V" e "Rocky Balboa" ?
+ Ser amigo de quem brilha é muito gostoso, mas só vale se não for por motivos interesseiros.

+ E mais importante: quando o palco for meu e for MINHA vez de brilhar - Não me perturba, seu invejoso!!!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CORTE O CABELO E SALVE O MUNDO!

Solução para consertar o mundo: todos os homens cortarem os cabelos curtos, pararem de usar brincos e vestirem-se de modo tradicional, sem seguir modas.
Segundo ouvi numa fila de banco em que eu estava, essa seria a base para um movimento para salvar a humanidade. A palavra de ordem: homem mais homem, mulher mais mulher.
Com meu cabelo preso num rabo de cavalo e um brinco de argola na orelha esquerda, o senhor que discursava essa teoria duas posições atrás de mim naquela fila da Caixa Econômica Federal parecia estar tentando me provocar. Eu, inabalável, ouvi-o dizer que mundo estava desse jeito (que jeito?) porque os pais estavam cuidando com muito zêlo do meninos, quando um menino devia aprender a se virar sozinho desde cedo, para não crescer e virar maricas. E as mulheres "viravam sapatão" porque não sentiam "firmeza" nos homens, pois eles estavam cada vez mais parecidos com elas.
Não consegui entender como isso influencia na desigualdade social, aquecimento global, violência urbana e doméstica, crise financeira internacional, conflitos étnicos e outras coisas que temos pra consertar nesse mundo. Bom, ao menos tem gente pensando teorias pra salvar o mundo até em filas de banco.
Mas eu não vou deixar de ser carinhoso com meu filho pra salvar o mundo. Cortar o cabelo e tirar o brinco da orelha? Próxima teoria, por favor...
Outro dia , num ônibus em que eu estava, o motorista xingava o sujeito do carro da frente que dificultava que o tráfego fluísse: "Seu viado!!!!" . Descobrindo que se tratava de uma mulher: "Ah!Só podia ser mulher! Você devia voltar pra casa pra lavar cuecas!!"
Percebi que esse negócio de salvar o mundo estava se espalhando.
O senhor da fila do banco falou que um dos sintomas do maricas era ter medo de altura. Acrofobia(pavor de alturas)! Lembro que quando eu era criança eu tinha dificuldade de subir em árvores justamente por isso! Epa!!!
Fui ao cinema no dia seguinte ao incidente no ônibus assistir a um filme de macho! "007-Quantum of Solace" .
Começa o filme. Perseguição a pé nos telhados da Itália. Perseguição de carro, moto e depois de lanchas no Haiti. Perseguição com aviões nos céus da Bolívia, depois perseguição, pancadaria e explosões num hotel no deserto do mesmo país. E esse é o resumo do filme.
Daniel Craig como James Bond é macho até no beijo final na mocinha do filme, esquisito pro meu jeito não tão macho de beijar!
Saí da sala de cinema pensando que se depender de mim o Mundo vai pras cucúias!
Mas aposto que beijo bem o suficiente pra que alguma mulher queira passar o fim do mundo ao meu lado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

ABENÇOADO

O título desse artigo é a tradução para o português do significado do nome do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama.
Barack = abençoado numa das línguas do Quênia, país de seu pai. Enorme estardalhaço se tem feito pela cor da pele do abençoado.

Dia desses estávamos num ônibus eu e Gabriel, meu filho de 6 anos, e ele, observando a paisagem, atentava principalmente para as pessoas nos pontos de ônibus:"Papai, como seria se todo mundo fosse igual?". Humm..., "O mundo não seria tão interessante" : essa foi a primeira resposta que me veio, e depois lhe falei como era bom existirem pessoas de vários tamanhos, cores e tipos, e lhe disse acreditar que éramos assim porque Deus devia gostar da diferença e da variedade. Gabriel pareceu satisfeito e voltou a olhar a paisagem. Quem sou eu para dizer o que Deus acha sobre o que quer que seja, mas ,sendo ele todo-poderoso como nos ensina qualquer religião, creio que, se ele quisesse que existisse um padrão, ele nos teria criado todos de acordo com esse padrão. Isso se acreditarmos que ele ama a seus filhos de igual maneira.
Mas por que quem diz saber e seguir a vontade de Deus combate a diversidade? Diversidade cultural, visual, sexual, religiosa, racial... Se existe algum diabo por aí, e ele for mesmo o arqui-inimigo de Deus, ele deve gostar de tudo padronizado. Mesmo que o Diabo não exista, padronizar as coisas me parece a mais anti-Deus, ou a mais anti-Cristo, das tendências. Mas vamos voltar a Obama, o Barack ("abençoado" ): por que alguém em sã consciência acreditaria que ele é o Anti-Cristo??? Tenho ouvido aqui e ali conversas sobre interpretações apocalípticas que assegurariam que o fato de Obama ser negro e de pai não americano seriam indícios de que ele seria o Anti-Cristo.
Em vez de responder onde nasce uma afirmação como essa eu deixaria pistas citando várias crenças que foram professadas pela religião cristã ao longo dos séculos:
1- Os negros são descendentes de Caim. Autor do primeiro assassinato ao matar seu próprio irmão, a bíblia diz que Deus marcaria seus filhos e eles seriam perseguidos pelo mundo.
2- Os negros não tem alma.
3- A África é um continente dominado pelo Diabo.
4- Religião afro é coisa do Diabo.
5- Os povos que não conhecem Deus, ou sejam, os não-cristãos, devemser catequisados.
6- Os anjos são loiros.

Até onde eu sei Jesus Cristo não fundou nenhuma religião, ainda que todas as que professam a fé cristã falem com bastante propriedade sobre o que se passa na mente de Deus.
Segundo dizem, Deus afundou o Titanic porque o provocaram dizendo que ele não seria capaz de fazê-lo, depois matou John Lennon por ele o ter provocado quando essese vangloriou a respeito de que sua fama seria maior do que a de Jesus Cristo. Bastante sujeito a provocações esse nosso Deus. Nosso de quem?
Pelo jeito, com esses rumores apocalípticos surgindo pela chegada à Casa Branca de um filho de Caim sem alma do continente dominado por Satanás, o primeiro desafio de Barak "o Abençoado" Obama, seria enfrentar o próprio Deus, o Todo-Poderoso criador dos Céus e da Terra (será que alguém duvida que ele criou a África?). Ou o fato de ele professar a mesma fé do reverendo Martin Luther King o redime perante Deus pela ofensiva cor de sua pele?
Sim, esse texto é uma provocação! Opiniões???

domingo, 2 de novembro de 2008

NOITE MÁGICA EM RECIFE

"O Teatro Mágico pára o Recife"!
Não foi essa a manchete em nenhum dos jornais no dia seguinte ao Show do grupo (ou trupe, como preferem ser chamados) de Osasco, estado de São Paulo, liderados por Fernando Anitelli. Mas afinal, juntar música com teatro, circo e literatura,não a torna mais atrante do que a mistura música + gostosas seminuas+ letras de decadência humana que domina as paradas e festas Pernambucanas. Bastante apropriado então que o primeiro CD deles chame-se "Só Para Raros" , e o DVD "Entrada para Raros". Os raros de Recife lotaram o teatro da Universidade Federal de PErnambuco, na noite de quinta-feira, 30 de outubro. Quem tinha sede de beleza e poesia ficou satisfeito, mas o cantor e compositor Anitelli lembrou aos locais que eles moram numa fonte, e louvou Pernambuco por todos seus rebentos ilustres e anônimos cuja arte desagua na cultura do Brasil. Tudo bem que isso é jogar pra torcida, mas é a mais pura verdade.



A mais mimada da noite foi uma bandeira de Pernambuco, presenteada a Fernando Anitelli quando convidou quem quisesse declamar um poema a subir ao palco. Renata e Camila atenderam ao chamado. Renata recitou de cor "Soneto de Fidelidade" de Vinícius de Moraes, muitíssimo ovacionada duas vezes: primeiro quando anunciou o poema, depois quando o concluiu. Já Camila escreveu um poema que era uma ode de amor de Pernambuco pelO Teatro Mágico e preferiu que Fernando o lê-se. Muito aplaudido o poema da rara Camila, que foi quem deu a bandeira do nosso estado de presente.

A partir daí, como já dito, só deu a bandeira: aplaudida quando presenteada e aberta por Fernando Anitelli, mais aplaudida quando posta por ele no pedestal do microfone, e super aplaudida quando o roadie percebeu que Fernando havia posto a bandeira de cabeça para baixo e consertou. Mais tarde o pedestal foi puxado para o fundo do palco, próximo ao tecladista Kleber Saraiva e, nos primeiros acordes de uma música, a bandeira escorrega do pedestal, Anitelli pára de tocar e vai ajeitar a bandeira: aplausos! Mais tarde o roadie mexe no microfone e derruba a bandeira. Dessa vez é que percebe e chama o roadie,que recoloca a bandeira em seu lugar de honra. Resultado: mais aplausos.À essa altura já estava decretado que sem a bandeira não tinha show!
Mesmo tendo entrado em cena com a torcida já toda a favor, O Teatro Mágico vai fazendo firula e convida ao palco um ilustre, ou melhor um raríssimo, aqui da terra: Silvério Pessoa! O músico pernambucano, que canta no segundo CD d'O Teatro Mágico, "Segundo Ato", a música "Abaçaiado" (que abriu o show depois de declamado o poema "Amadurecência"), cantou uma música de seu repertório e depois "Camarada D'Água" , recebida com um levante digno de um gol em final de campeonato.

Idealizador do projetO Teatro Mágico, o cantor, violonista e principal letrista, Fernando Anitelli poderia trazer toda a atenção para si, mas isso é intencionalmente dificultado quando a cada música roubam a cena personagens tão diferentes quanto um monstro de tiras de pano, outro monstro sobre pernas de pau com rostode metal, uma cuspidora de fogo, malabaristas, trapezistas, e outras facetas do talento de Gabriela Veiga, Rober Tosta e Mateus Bonassa, os atores/artista circenses, que formam O Teatro Mágico e tornam mágico o teatro. Sem esquecer o show de simpatia do percusssionista/malabarista Willians Marques, regendo a platéia com seu sorriso. Um espetáculo de luz, cores e poesia.

Pena notar que o público d'O Teatro Mágico não seja tão colorido. É bem mais fácil encontrar a juventude "de cor" numa fila da Caixa Econômica Federal recebendo o dinheiro de algum programa assistencial do governo federal, o que não ajuda essa gente bronzeada a mostrar seu valor.

A parte que cabe aO Teatro Mágico é sugerir o sonho e, ainda que o discurso de Anitelli não comece com o I have a dream (eu tenho um sonho...), em dado momento do show o recado é que O Teatro Mágico deve começar da porta do teatro pra fora, que não basta ter as músicas do teatro na ponta da língua e um poster no quarto e achar que isso é ter atitude. Trocando em miúdos é viver o que se diz,como na música "Zaluzejo" , que ele nem cantou nesse show, mas o recado foi dado: não é para se isolar na poesia, mas vivê-la! Foi vivido o sonho naquela noite de quinta-feira! E para que os raros sejam menos raros, passem a idéia adiante seguindo as instruções dadas no show: pirateiem O Teatro Mágico e distribuam!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

LEÕES E CORDEIRAS


Seleção para promoção de cargo na empresa em que Candrel trabalha. Segunda etapa: dinâmica de grupo, 2 grupos de 7 devem chegar a um acordo sobre uma divisão de bens de um casal e suas responsabilidades em relação ao filho pequeno. Começa um discurso sobre instinto materno, ligação natural entre mãe e filho, e o homem enquanto espécie (mais do que gênero) vai sendo apresentando como um ser sem coração. Depoimentos do tipo "minha mãe foi tudo pra mim: pai e mãe", "nem conheci meu pai, minha mãe é que sempre esteve ao meu lado" , culminam em um "por mim o marido não ficava com nada!"
Corta para um exemplo interessante da sétima arte: no filme "Batman, o retorno" (Batman Returns, 1992), aquele em que Batman(Michael Keaton)enfrenta o Pingüim(Danny De Vito) e a Mulher-Gato (Michele Pfeiffer),há uma cena em que a Mulher-Gato ataca o Batman no telhado de um edifício. Depois de levar uns safanões bem dados da Mulher-Gato,Batman reage e desce o braço na garota. Percebendo que não é párea pro homem-morcego brigando no mano-a-mano, ela faz cara de coitadinha, e solta um "como você pode? eu sou uma mulher!". Batman se desculpa,baixa a guarda e estende a mão para ajudar a Mulher-Gato que dá uma pesada nele jogando-o pra fora do telhado.

"Cuidado! Mulheres não são cordeirinhos". Quem avisa amigo é, e foi uma amigA que alertou Candrel, que costumava se referir às mulheres como seres delicados, sinceros e compreeensivos. Sua amiga Priscila o alertou de quão distante da verdade estava. Candrel devia esquecer o discurso de mártir, que as colocavam como vítimas da insensatez masculina? Exatamente!

Pra entender a teoria há de se viver na prática? Candrel viveu: no casamento. Diante da insensatez feminina experimentou a lei que dizia que ele era culpado até que se provasse o contrário. Quando ficou claro o desequilibrio de sua companheira, encontrou quem tivesse pena dela: "é mais difícil para uma mulher", diziam.

Legalmente divorciado fazia uma semana Candrel comentou sua recém liberdade com uma colega de trabalho . "Coisa boa você não deve ter feito", foi o que ouviu.

"Homem não presta" e "é tudo igual" é o clichê mais enganoso aos ouvidos de Candrel, que chegou a se sentir preso num planeta em que os cordeiros pareciam ter um complô para dominar o mundo. Esse mundo emque existem regiões nas quais se cortam fora o clitóris das mulheres para que elas não sintam prazer nunca, e em grande parte desse mundo elas estão sempre a mercê das vontades, mandos e desmandos masculinos. Homens: esses animais cruéis e insensíveis educados por... mulheres!
A mãe de Candrel não teve o melhor marido do mundo, mas disse "as mulheres não deixam os homens serem pais! não querem que eles cuidem,não os educam pra isso!" . Entre o coro que jogava toda uma carga de crueldade nos ombros dos homens, era uma voz dissonante.

Como um sedento no meio do deserto do Sahara, Candrel encontrou um livro de Lya Luft, "O Rio do Meio". Escritora gaúcha, normalmente a descrevem como uma autora que fala de mulheres, de sua alma. Uma voz mais que sensata no meio dessa insensatez coletiva que nos ensina existir o sexo bom e o sexo mal, o sexo que cuida e o sexo que agride,o sexo que fica e o sexo que parte. Uma das possíveis conclusões que Candrel retirou do livro de Lya: não há lobos e cordeiras. Pelo menos eles não existem assim, divididos claramente por gênero. Lobos e cordeiras não procriam entre si. A amiga de Candrel o havia alertado,Candrel aprendeu e ficou feliz em ler no livro de Lya Luft que havia outras vozes destoando do coro. Não lamentou por um dia ter acreditado no clichê que hoje lhe soa tão ridículo.


Se até Batman que é tão esperto já se enganou...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ENSAIO SOBRE O FIM DO MUNDO

Crise na economia mundial. Há quase um mês só se fala em bolsa de valores, pacote de ajuda dos Estados Unidos, salvar os bancos, o câmbio do dolar, crise , crise, crise!!!


Parece o fim de como conhecemos o mundo. Grande mobilização para salvá-lo, e, quem não fazia parte da festa mesmo assim será convidado a pagar a conta. Um convite que não vai poder recusar. Alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo. Palhaço que sou, quero mais é assistir às labaredas sentado numa poltrona,tomando suco e comendo pipoca. Que me chamem de ignorante por também ter a perder com o fim do mundo, já que até no preço da pipoca vão me fazer pagar a conta .


No domingo, enquanto o mundo não acaba, fui assistir a "Ensaio sobre a Cegueira"(Blindness) no cinema, um lugar adequado para se comer pipoca, mas em vez de pipoca comi uns salgadinhos, em companhia de uma garota interessante, o que rendeu um agradável papo depois do filme.
Antes disso me preparei para o cinema reassistindo em DVD ao filme anterior do diretor Fernando Meirelles, "O Jardineiro Fiel" . Lá estava a África servindo de palco para um suspense + bela história de amor, como em outros ótimos filmes nos últimos anos, entre eles, "Diamante de Sangue" (que retrata Serra Leoa, com Leonardo di Caprio) e "Hotel Ruanda".
A África está lá depois do Oceano Atlântico, também um pouco em cada esquina, e pouco ou muito em cada família. Pensando nas nossas virtudes e problemas herdados de além mar vejo "Ensaio Sobre a Cegueira" (Blindness), onde uma São Paulo que fala inglês faz o papel de qualquer metrópole.

O enredo básico da "...Cegueira" : ocorre uma epidemia de cegueira e os doentes são isolados para evitar o contágio de ainda mais pessoas.

A tese sobre a "...Cegueira" : "A Ocasião Faz o Ladrão". Ou pelo menos "mostra o ladrão", quando as privações por que passamos personagens revelam suas verdadeiras faces, mostradas ainda mais facilmente quando nem eles mesmo podem vê-la devidoà cegueira.

O Diagnóstico Sobre a "Cegueira" : Belo em sua realização, belo até pelo simples fato de ter sido realizado, já que foi a adaptação de um livro certa vez chamado de inadaptável, do escritor português José Saramago , até hoje único Prêmio Nobel em nossa língua. Ainda assim com imagens feias da degradação humana emoldurada pelo concreto de qualquer metrópole.


Como disse, depois do filme rolou um papo cabeça com uma garota interessante (sem nomes, ok?). Pensamento na crise, lembrando da África como retrato dos que vão pagar a conta sem participar da festa, tudo parece complexo, pois como sempre,e como a canção, "o mundo anda tão complicado". É a crise, é o capitalismo, são as pessoas, é macho, é fêmea... Ensaiei uma tentativa de entender a alma feminina. Quem leu meus últimos textos aqui no blog pode me imaginar o retrato do homem compreensivo e sensível, e... "será que ele tem a tal pegada?". Será???


Acordo cedinho na segunda-feira e a manchete do jornal me lembra que no dia anterior a Seleção Brasileira jogou contra a Venezuela pelas eliminatórias para a Copa do Mundo : "4x0- com Kaká,Brasil dá show." e logo abaixo: "Brasil agora está em segundo na classificação , à frente da Argentina". Senti uma alegria tola e vã. Pensei: "Brasil goleando a Venezuela e à frente da Argentina! O mundo voltou ao seu eixo". Perdoei a mim mesmo pela insensibilidade perante as dores do mundo, e me permiti não fazer sentido algum. A meta agora é a seleção atravesar o Atlântico e desbravar a África no próximo mundial, a Copa da África do Sul , em 2010.


No fim das contas, seja qual for meu curriculum, meu conhecimento sobre cultura, se tenho ou não tenho a pegada, sensível ou não, sorry, ladies, but I'm just a man! (Desculpem, senhoras, mas sou penas um homem!)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

SINFONIA VIVA

Que as mulheres gostariam de ter a facilidade de fazer xixi em pé, sem nenhuma cerimônia, principalmente quando a vontade aperta no meio da rua, a maioria assume sem problema algum. Mas duvido que alguma ache nosso aparelho reprodutivo, ou pra ser menos formal, nossa área de lazer, melhor do que o delas. Ao menos, as bem informadas. ...Ou bem tocadas.
Fazendo uma analogia, o corpo feminino no decorrer da história sempre foi um magnífico instrumento musical a mercê dos conhecimentos do músico. Casanovas e Don Juans sempre foram aplaudidíssimos por sua capacidade de retirar as mais belas notas de um instrumento que nem todos conseguem tocar tão bem.

Entretanto, o músico sem o instrumento, não impressiona só assobiando. O corpo feminino, impregnado de música, é a fonte das grandes sinfonias e das canções singelas. No corpo masculino a área musical é mais concentrada, e por mais magnífico que seja seu oboé, o corpo feminino é uma orquestra. Flauta, saxofone, fagote ou oboé, com um pouco de boa vontade, não é tão difícil tirar um belo som do nosso instrumento. Fácil, fácil de ser aplaudida de pé.
Com o mesmo interesse é possível um autodidata se tornar um grande músico na orquestra feminina. Fica mais fácil quando o instrumento mulher não espera que o músico tenha poderes sobrenaturais, seja um X-Man que lê mentes. Um bom aluno é guiado pelos pequenos sons, os gemidos, mas alguns precisam de mais instruções.
Felizmente, nos tempos atuais, a mulher também tem se responsabilizado pela busca do prazer. São tão autoras de suas sinfonias quanto os músicos. Bem justo que na língua portuguesa, o feminino da palavra músico seja a própria música (pra evitar confusão, criou-se a palavra musicista).


Houve um tempo em que um homem renomado, criou uma teoria que dizia que as mulheres invejavam nosso instrumento. Sigmund Freud, pai da psicanálise, e autor de tal teoria, nunca deve ter visto uma mulher em plena apoteose rítmica. Ou ele talvez teria ficado encucado com a diferença, comparando com o efeito de sua flautinha. Se Freud teria motivo para ter inveja, e a teoria talvez fosse o inverso, nós nunca saberemos.
Os homens não precisam deixar de amar seus saxofones, fagotes, oboés ou flautinhas. Mas não vá empinando o nariz e fazendo pose, mesmo que ela arregale os olhos diante da extensão de seu
instrumento. Você vai precisar de mais do que tamanho para fazê-la virar os olhos. E se for um bom músico, não há porque lamentar ao ver que Deus dotou as mulheres com a capacidade de atingir notas que você jamais atingirá, agradeça a Papai do Céu por poder fazer parte dessa festa que não é só para os ouvidos.

sábado, 4 de outubro de 2008

FALAR, FALAR, FALAR... E ALGUÉM QUE OUÇA - Do Que As Mulheres Gostam - parte 3

Um homem precisa saber que há uma parte de seu corpo que ele vai ter que usar mais que as outras se quiser realmente agradar e fazer feliz uma mulher. Se começou a pensar na sua preocupação com os centímetros e a firmeza, ou com o tempo que você consegue manter essa parte de seu corpo em pleno funcionamento, devo informar que estou falando de algo que normalmente temos em pares e não aumenta de tamanho em momentos mais, digamos, estimulantes : os ouvidos.

Antes quero que lembre se conhece ou já conheceu alguém com problemas de gagueira. Pense bem, já conheceu algum gago? Pense um pouco mais: já conheceu alguma gaga? Se a resposta para a segunda pergunta é afirmativa, saiba que você conheceu um espécime raro: mulheres são minoria entre os gagos. Pergunte a algum fonoaudiólogo, e ele vai lhe dizer que a maioria dos seus pacientes com problemas na fala (que não tenham problemas auditivos) são do sexo masculino.Saiba também que, em geral, meninas desenvolvem a fala mais cedo.

Meu filho Gabriel deu seus primeiros passos no dia exato em que completou 8 meses. Passos quase perfeitos, seguros, sem apoio algum. Apesar da precocidade, tive que esperar beeem mais para que o que ele balbuciava fizesse algum sentido.


Faça o seguinte teste: converse um assunto que exige mais atenção ou raciocínio com uma mulher que esteja digitando um texto na frente de um computador. Depois faça o mesmo com um homem. Vou adiantar pra você o resultado. Normalmente o homem terá que fazer pausas para prestar atenção no que se diz e às vezes até pra falar, enquanto uma mulher vai desenvolver as duas funções (conversar e digitar um texto no computador) com bem mais desenvoltura. Há muitas excessões mas muitos dados levam a crer que a habilidade da fala é naturalmente mais desenvolvida nas mulheres, como se nós homens tivéssemos que correr atrás do que Deus dá a elas de graça.

Falando em Deus, considerando o que a Bíblia diz sobre Adão ter sido criado primeiro, ele não falava muito até porque não tinha com quem conversar (Deus não podia ficar batendo papo com ele o dia todo), mas Eva foi criada justamente pra fazer companhia ao homem. Não devia ser uma garota tímida. Se a Bíblia for só alegoria (verdadeira, mas não pra serinterpretada ao pé da letra), talvez isso signifique que o primeiro homem das cavernas a falar foi na verdade uma mulher das cavernas. Agora chegamos ao ponto, quando a força bruta importava mais que o intelecto, o homem, com seus músculos dominou o mundo e impôs as funções da mulher. O lugar dela era a dentro de casa, de preferênciana cozinha. Mas quando o homem foi se desenvolvendo, ficando menos bruto, ele viu que usando a força não tinha o corpo da inteiro da mulher. Faltava o coração.

Aí o homem teve que aprender a falar bonito. Foi meio complicado,para quem estava acostumado a grunhir. Dedicado como era, o homem se tornou poeta, a mulher sua inspiração. Metido a dominar e impor regras, o homem criou a gramática. Conquistou o coração da mulher com suas palavras doces, mas ainda era meio mandão.
Aí a mulher também evoluiu. E quer mais. Quer ser ouvida. Afinal,aprendeu a falar primeiro que o homem. Quer que o homem aprenda outra lição que ela aprendeu primeiro: ouvir.
Elas a-do-ram falar!!! Concordo que existe a mulher xingadora compulsiva, e homem nenhum tem que dar ouvidos a uma enxurrada de palavrões, que ouvido não é penico. Mas se o homem prestar mais atenção no que diz a mulher vai deixá-la mais feliz, e será mais feliz, pois vai ficar mais à vontade para usar outras partes de seu corpo em benefício dela e dele mesmo, e se preocupar menos com centímetros.

domingo, 28 de setembro de 2008

ESSA TAL PEGADA - do que as mulheres gostam - parte 2

"Voe como uma borboleta, pique como uma abelha" ("fly like a butterfly, sting like a bee") - esse era o lema de Muhammad Ali, maior boxeador que já existiu, referindo-se principalmente à maneira como lutava, mas servia para outros aspectos de sua vida, saber a hora de ser suave e a hora de ser agressivo. Às vezes as duas coisas ao mesmo tempo.

A agressividade das armas (guns) e a suavidade das rosas (roses) conquistaram 9 entre 10 adolescentes na virada dos anos 80 para os 90, quando as baladas românticas derramadas e rocks incendiários do grupo norte-americano GunsRoses atingiu o mundo pelas ondas das rádios. Infelizmente a banda acabou quando a mistura desandou principalmente porque Axl Rose, vocalista da banda, mandou a suavidade pro espaço e começou a picar todos como uma abelha.

Arriscando desvendar com palavras o que seria essa tal "pegada" que as mulheres querem que seus homens tenham, seria saber dosar como Muhammad Ali, a hora de alisar e a hora de apertar. Será que Axl Rose errou na dose não só com seus companheiros ? Um dia ele escreveu a canção "Sweet Child O' Mine" (minha doce criança) pra sua mulher, outro dia se separaram. Não antes de ele dar muita porrada nela. Ele exagerou no "picar como uma abelha". Ou é isso mesmo que elas querem?

Nelson Rodrigues, escritor e dramaturgo pernambucano, cheio de frases polêmicas, um dia veio com essa : "Existem dois tipos de mulheres: as que não gostam de apanhar, e as normais" .

Há realmente mulheres que gostam de homens chucros, brutos? Ou elas não encontraram alguém que sabe dosar a força que tem para o benefício de seus corpinhos delicados? Esse gostar de apanhar pode ser de brincadeirinha, não pode?

Se é difícil definir com palavras, pode ser bem simples desenvolver (pra quem não tem) a pegada. É manusear cristal com mãos de gorila: não deixe de ser um gorila por estar manuseando cristais, tendo curiosidade e jeito pra investigar aquilo que é tão diferente de sua natureza mais bruta. .... Com cuidado pra não quebrar.

Voar como borboleta? Picar como uma abelha? Agressividade das armas e suavidade das rosas? Mãos de gorila? Que criatura estranha seria essa?

Simplificando: quente- frio, claro-escuro, apertado-solto, pode-se usar várias palavras opostas pra se definir isso, mas as damas chamam de "ter a pegada". E você tem ou não tem.

domingo, 21 de setembro de 2008

DO QUE AS MULHERES GOSTAM - PARTE 1 - BELEZA MASCULINA

"Você é luz, é raio estrela e luar, manhã de sol, meu - meu -. Você é sim, e nunca meu não, quando tão louca me beija na boca me ama no chão" . Acho que quase todo mundo conhece essa música. Bonitinha e gostosa de cantar, não? Será que todo mundo sabe que ela é do Wando? Quem? Aquele cantor que adora cheirar calcinhas em público, faz cara de tarado, e cuja música é classificada como "brega" e "de motel". Mesmo quem cai na lábia dele e se sente atraída pela cara de tarado dele concorda que ele feio. Eu acho que concorda.Quer dizer achava. A irmã de Altair acha ele lindo.
Quem nunca teve um amigo que era como um irmão, mas que tinha uma irmã que despertava olhares e/ou pensamentos nada fraternais? Pois é. Perdi contato com Altair, amigo que era como um irmão pra mim. Ele tinha 3 irmãs lindas, só uma delas solteira. Ok, essa solteira não era só linda, usemos a palavra certa aqui, era gostosa. o, eu não provei. Até porque ela estava bem mais interessada no Wando, que ela dizia ser lindo! Lindo?Lindo? Até Altair ficava indignado. Pois é: Wando é lindo -dependendo dos olhos de quem vê!
"Beleza faz mais falta pra mulher do que pro homem", Wando podia ter dito isso, mas quem disse foi Paulo Ricardo. Ah, qual é? Beleza não faz falta ao Paulo Ricardo porque ele sempre teve! Mas Paulo Ricardo deve estar certo, se considerarmos Wando!



Consideremos outra figura notória. O que acham do José Mayer, galã das telenovelas há anos, quase sempre interpretando homens rústicos,cabras machos sim sinhô? Parece que a mulherada gosta. Já perguntaram ao próprio se ele se achava bonito. " Eu não gosto de mim parado. Numa foto eu não tenho nada de especial. Mas eu gosto de mim em movimento, falando... Assim eu sou interessante".

Bingo! Beleza masculina é atitude! É isso? Isso até minha amiga psicóloga, Priscila Duarte, já tinha me falado, quando soube que estava me exercitando. "Isso é muito bom. Mas pras mulheres você pode até ter uns quilinhos a mais se tiver a atitude certa". Humm, tudo bem, mas mesmo assim eu vou me livrar da barriguinha. "Beleza faz mais falta pra mulher..."? É verdade que os homens são bastante visuais.


Aparentemente algumas mulheres em formação valorizam mais um corpo malhado, quando se tornam mais interessantes, mais inteligentes, elas não deixam de gostar de músculos, mas não parece ser nem um pouco excencial. Nesse aspecto nós homens nunca evoluímos. Uma boa notícia para as meninas é que nós não somos nem de longe tão críticos quanto as mulheres são umas com as outras. Não conseguimos ver os defeitos da Juliana Paes que todas as namoradas e esposas do Brasil percebem.

Mas o assunto aqui é a percepção feminina de beleza masculina. Vocês são realmente bem mais auditivas do que visuais? É só chegar com um "meu -, meu -" com jeitinho no ouvido de vocês e já é considerado lindo? "Eu falo tudo que ela gosta de escutar! Deve ser por isso que ela vem meprocurar" (Charlie Brown Jr.)???

domingo, 14 de setembro de 2008

A SAUDADE PELOS SOLDADOS RYAN

"O Resgate do Soldado Ryan" é o melhor filme de guerra já feito. Ponto final.
Eu o classificava empatado com "A Lista de Schindler", mas Steven Spielberg , diretor desses dois filmes, diz que "A Lista ..." não é um filme de guerra pois o tema holocausto deve ser classificado numa categoria à parte.
Se o ômi disse...



Os primeiros 25 minutos de "O Resgate do Soldado Ryan" reconstituem o Dia D (a invasão, na Segunda Guerra Mundial, da região da Normandia, no norte da França, pelas tropas aliadas) . A perfeição é abalizada pelos veteranos que viveram pra contar a história. O filme tem 2 horas e 58 minutos, mas dizem que os 25 minutos iniciais já foram o suficiente para que Spielberg ganhasse seu segundo Oscar de melhor Diretor (o primeiro foi por "A Lista de Schindler") .

Quem costuma fechar os olhos nas cenas fortes de um filme vai passar esses 25 minutos iniciais evitando ver pernas e braços sendo arrancados e tripas à mostra. Passei sem piscar pelos 25 iniciais, mas senti meus olhos umidecerem na cena em que uma mãe recebe o aviso de que perdeu 3 filhos na guerra. As pernas não agüentam o peso do corpo da Sra. Ryan, que se ajoelha diante da dor da perda.
A dor da perda de um filho.
Por que a dor de quem fica me comove mais do que a dor de quem se foi?
Com o nascimento do meu filho eu pensei numa solução para os problemas da humanidade: ter filhos. Bastava todos terem filhos e esse sentimento que eu tive que me fez querer ser alguém melhor pegaria toda a humanidade. A humanidade se empenharia a melhorar o mundo e tudo ia se resolvendo.
Com as constantes notícias de crianças sendo arremessadas pelas janelas pelos próprios pais, fica claro que ter filhos não funciona do mesmo jeito pra todo mundo. E mesmo quando funciona em relação aos seus próprios filhos, na maioria das vezes esse sentimento não se transfere para os filhos dos outros, ou os governantes evitariam essas guerras em que só os filhos deles não vão.

Fui ao cinema com Cassiana, amiga e ex-namorada, assistir ao filme "Juno" , aquele sobre a adolescente que fica grávida que concorreu esse ano ao Oscar de melhor filme, e levou o de melhor roteiro original. O filme levou ao tema gravidez, parto, medo do parto... Cassiana e eu não entendíamos esse pavor do parto da mulher moderna. Nossas avós pariram o mundo, poxa vida!
"Se eu tenho um útero eu nasci pra parir!" , simplificou Cassiana, "se eu pudesse eu ia ser uma parideira, vivia tendo menino porque eu adoro criança". Claro que ela sabe que não dá pra ser assim, mas bastava o mundo ser melhor com as crianças e Cassiana podia parir todo ano, ou ano sim ano não, que ninguém é de ferro!
Podem me chamar do que quiserem , mas foi uma das coisas mais sexy que já ouvi uma mulher dizer. Tão, tão... Tão FÊMEA! ? Não querem homens machos? Que sejam tão fêmeas quanto Cassiana!
Agora sério, essa temporada de caça a crianças preocupa. E quando nossos filhos crescem em que guerra eles vão estar? Cada dia é um dia D, uma grande batalha para voltarmos vivos pra casa.
Infelizmente não dá pra sair por aí parindo, porque tem muita gente nesse mundo que não se comove nem com os 25 minutos iniciais de "O Resgate do Soldado Ryan" nem com a dor que fica nas mães e nos pais quando seu soldado não volta pra casa.

domingo, 7 de setembro de 2008

A COR DO GOL



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Copa do mundo de futebol, França 1998, na primeira fase África do Sul enfrenta a Dinamarca. No Brasil, no mesmo momento, César, que trabalha de porteiro e zelador em um pequeno condomínio em Recife, assiste ao jogo com alguns condôminos. Todos no terraço, TV ao ar livre. Os condôminos que assistem ao jogo, todos de pele clara, na maioria mulheres. Se os homens não pareciam ter decidido por quem torcer, as mulheres começam a torcer contra aqueles que elas chamam de macacos - o time africano. "Vamos ! Não deixem esses macacos ganhar!" , "Vai! Chuta, esse nêgo!" . Depois de vários "negro safado"e "macaco", um gol da África do sul.
"Golaço!" , um grito de vitória com um soco no ar. Todos se viram surpresos para o torcedor da África do Sul. Era César com jeito de vingado, que não havia sido percebido como "macaco". Seu avô materno era seu ancestral mais próximo que poderia ser chamado de "macaco". Pela mestiçagem, sua pele castanha normalmente não era identificada como indício de sangue africano. Mas se os brasileiros brancos queriam ser príncipes de alguma fábula dinamarquesa, César não tinha esquecido de sua herança africana.

África do Sul 1X 0 Dinamarca.

Seria um final feliz, como quando Jesse Owens, atleta negro americano, ofuscou, com o brilho de 4 medalhas de ouro, os planos de Adolf Hitler de usar as olimpíadas de 1936 em Berlin, na Alemanha, para provar a superioridade da raça ariana.

Entretanto, naquela partida da copa de 1998, a Dinamarca empatou o placar, 1 X 1.
A final da copa foi disputada por dois times bem coloridos, Brasil e França. Pra quem não sabe, a França é o país mais mestiço da Europa, principalmente negros e árabes estão mudando o conceito "francês típico". Naquela noite a França venceu a copa pela primeira vez no que foi chamada a vitória a dos rejeitados, com um time mestiço.
Naquela noite, o time brasileiro tinha os chamados de macacos, os semi-macacos, mas nenhum príncipe dinamarquês, mesmo assim César e os brasileiros-dinamarqueses foram dormir igualmente tristes, no único momento que os brasileiros são uma única nação, quando a pátria tem chuteiras.

Jogos Olímpicos de Beijing, China, 2008. A grande nação brasileira consegue 3 míseras medalhas de ouro.

O mote dessas Olimpíadas foi "One World, One Dream" - Um mundo , um sonho. A unidade do Brasil calça chuteiras, mas quando as tira, quando não está vestindo a amarelinha, é um país dividido. Um país que zomba do sotaque nordestino, que chama seus conterrâneos de macacos, dividido entre um alfabeto inteiro de classes.
One Brazil, One Dream - Um Brasil, Um Sonho - quando o Brasil for UM também sem as camisas amarelas, e os descamisados sonharem Um sonho juntos com macacos, patricinhas, cachorras, cabeças-chatas, e outros adjetivos que apagam uma palavra maior - NAÇÃO, César e os brasileiros de qualquer cor poderão viver juntos um sonho
sonhado não só com chuteiras nos pés. Será um sonho colorido, mestiço, não uma fábula européia.