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Duas canções, entre as tantas eternizadas por Luiz Gonzaga, o saudoso rei do baião, talvez sejam as que mais tocam os nordestinos que deixaram suas terras em busca de melhores condições de vida e vivem saudosos onde quer que estejam: "Asa Branca" e "O Último Pau-de-arara". Pau-de-Arara, se alguém não sabe, é como são chamados os caminhões que ainda são usados para transportar clandestinamente os que fogem da seca do sertão, segurando-se nas grades de madeira da carroceria ou em armações feitas para esse fim, sendo assim comparados a araras empoleiradas. As canções "Asa Branca" e "O Último Pau-de-arara" tocam fundo principalmente na alma do sertanejo, mas também falam ao nordestinourbano, que se comove e também se identifica, na sua dura lida diária.Se "Asa Branca" fala de quem já foi e tem esperança de voltar quando o verde dos olhos da amada que deixou se espalhar na paisagem, "O ÚltimoPau-de-arara" fala de quem teima em ficar enquanto a sua vaquinha "tiver o couro e osso e aguentar com o chocalho pendurado no pescoço". Mesmo sem estar fugindo da fome ou da seca, ainda hoje muita gente migra para os centros urbanos almejando voos mais altos. O nordestino do interior vai para a capital, e o da capital vai para Sudeste, o "Sul Maravilha". Aqueles que mais trazem alegria ao povo, os atletas e os artistas também migram quando o talento já não cabe mais nas fronteiras delimitadas pelo coração. Quando a gente já não cabe nessas fronteiras, carrega-se no próprio coração um mundão inteiro enraizado nele.Como todos devem recordar, Herbert Vianna, vocalista, guitarrista e principal compositor da banda Os Paralamas do Sucesso, sofreu há alguns anos um acidente que lhe levou a esposa, os movimentos das pernas e quase lhe levou a vida. Herbert, que passou parte da sua juventude no Distrito Federal, e hoje está radicado no Rio de Janeiro, escolheu para seu retorno aos palcos, após um duro período de recuperação, iniciar a turnê pela cidade onde nasceu, João Pessoa, na Paraíba. 
O cantor e compositor Lenine, outro nordestino radicado no Rio de Janeiro, esse de Pernambuco, foi indagado em uma entrevista sobre os motivos de ele viver no Rio de Janeiro e não em Recife. "Recife é minha mãe, o Rio é minha mulher. Eu amo muito minha mãe, mas não vou deixar minha mulher pra morar com minha mãe".Pode-se viver fora com esperança de um dia voltar, como em "AsaBranca" ou teimar nunca largar a barra da saia da mãe, como em "O Último Pau-de-arara" , mas não é só assim que se ama sua terra. É saber onde se recomeça a jornada, como Herbert em sua João Pessoa. É estar feliz com a cidade que escolheu e ainda amar com todas as forças o ventre de Recife que lhe pariu. É como o verso do artista pernambucano Cícero Dias que está gravado no Marco Zero no porto da cidade de Recife:"Eu vi o mundo, ele começa em Recife".
"Imagem é nada. Sede é tudo". Era a propaganda da Sprite, há uns poucos anos.
1997: qual foi a maior bilheteria do ano no cinema? Foi o ganhador do Oscar de melhor filme (e mais outros 10 oscar, se não me engano) no ano seguinte. Longas filas para ver o romance de Jack e Rose. Eu tinha 22anos e por birra contra Di Caprio só assisti ao tal filme anos depois.Você deve saber que estou falando de "Titanic". Todas as moçoilas daépoca suspiravam por Leonardo, que um ano antes havia sido Romeu em uma versão de seu amor impossível por Julieta, do clássico de Shakespeare. Vieram as boybands na mesma época. Backstreetboys e N'Sync dos EUA; Boyzone e Westlife da Irlanda; Five promovido pelos ingleses. Até os irmãos do Hanson, única banda de verdade, já que realmente tocavam instrumentos musicais, foram classificados como farinha do mesmo saco. Soube que Orlando Bloom virou mania entre as colegiais japonesas.A tendência que reinava era clara: homens com rostos mais delicados(mais para moças que para homens, diziam os mais incomodados) e umaaparente exclusão dos pêlos.
2008: o irmão da namorada que tive naquele ano, com seus 18 anos deidade, hétero e pegador, mantinha a cara lisa e se depilava. Meu irmão César, mente aberta, certo dia comenta com estranheza, que seus amigos mais jovens, próximos aos 20 anos de idade, estavam se depilando. Masjustamente os mais vaidosos e interessados em ser mais atrentes para asmeninas. Certo dia, na hora do intervalo, uma colega de trabalho bem mais nova que eu, que tenho 34 anos, falava em uma mesa - praticamentediscursava - acerca de sua preferência por homens com "cara de bebê" e"lisinhos". Em poucos minutos comecei a me imaginar um sasquatch, ou um ogro aos olhos dela. Recife, nordeste, homens vistos como cabras tradicionais. Fechados a novidades que possam por em dúvida sua macheza? Os recifencezinhos bombardeados pela mensagem "tenha cara de bebê e corpo lisinho", começama mostrar os efeitos.
2009: Wolverine ganha seu próprio filme, "X-men - Origens: Wolverine" -fui ver.Muito bom - e intensifica-se a admiração feminina que já existia por suas participações nos 3 primeiros filmes "X-Men". Mais suspiros, mais declarações de "Ah, Wolverine é o cara!". Seria A volta triunfal dos peludos? Se a tendência se confirmar, espere os meninotes de hojevirarem verdadeiras bolas de pêlo daqui há 10 anos. Torço que sim já que estou mais pra Wolverine (ao menos no que serefere à quantidade de pêlos) que para backstreetboy, e não estouinteressado em peder minha pelagem por nada nesse mundo. Preconceito?Humm...Digamos que atenuar minhas características masculinas nãofizeram parte da minha formação. Não fui adolescente na "Era Di Caprio".Imagem é nada???
Duas canções, entre as tantas eternizadas por Luiz Gonzaga, o saudoso rei do baião, talvez sejam as que mais tocam os nordestinos que deixaram suas terras em busca de melhores condições de vida e vivem saudosos onde quer que estejam: "Asa Branca" e "O Último Pau-de-arara". Pau-de-Arara, se alguém não sabe, é como são chamados os caminhões que ainda são usados para transportar clandestinamente os que fogem da seca do sertão, segurando-se nas grades de madeira da carroceria ou em armações feitas para esse fim, sendo assim comparados a araras empoleiradas. As canções "Asa Branca" e "O Último Pau-de-arara" tocam fundo principalmente na alma do sertanejo, mas também falam ao nordestinourbano, que se comove e também se identifica, na sua dura lida diária.Se "Asa Branca" fala de quem já foi e tem esperança de voltar quando o verde dos olhos da amada que deixou se espalhar na paisagem, "O ÚltimoPau-de-arara" fala de quem teima em ficar enquanto a sua vaquinha "tiver o couro e osso e aguentar com o chocalho pendurado no pescoço". Mesmo sem estar fugindo da fome ou da seca, ainda hoje muita gente migra para os centros urbanos almejando voos mais altos. O nordestino do interior vai para a capital, e o da capital vai para Sudeste, o "Sul Maravilha". Aqueles que mais trazem alegria ao povo, os atletas e os artistas também migram quando o talento já não cabe mais nas fronteiras delimitadas pelo coração. Quando a gente já não cabe nessas fronteiras, carrega-se no próprio coração um mundão inteiro enraizado nele.Como todos devem recordar, Herbert Vianna, vocalista, guitarrista e principal compositor da banda Os Paralamas do Sucesso, sofreu há alguns anos um acidente que lhe levou a esposa, os movimentos das pernas e quase lhe levou a vida. Herbert, que passou parte da sua juventude no Distrito Federal, e hoje está radicado no Rio de Janeiro, escolheu para seu retorno aos palcos, após um duro período de recuperação, iniciar a turnê pela cidade onde nasceu, João Pessoa, na Paraíba. 
