segunda-feira, 27 de outubro de 2008

LEÕES E CORDEIRAS


Seleção para promoção de cargo na empresa em que Candrel trabalha. Segunda etapa: dinâmica de grupo, 2 grupos de 7 devem chegar a um acordo sobre uma divisão de bens de um casal e suas responsabilidades em relação ao filho pequeno. Começa um discurso sobre instinto materno, ligação natural entre mãe e filho, e o homem enquanto espécie (mais do que gênero) vai sendo apresentando como um ser sem coração. Depoimentos do tipo "minha mãe foi tudo pra mim: pai e mãe", "nem conheci meu pai, minha mãe é que sempre esteve ao meu lado" , culminam em um "por mim o marido não ficava com nada!"
Corta para um exemplo interessante da sétima arte: no filme "Batman, o retorno" (Batman Returns, 1992), aquele em que Batman(Michael Keaton)enfrenta o Pingüim(Danny De Vito) e a Mulher-Gato (Michele Pfeiffer),há uma cena em que a Mulher-Gato ataca o Batman no telhado de um edifício. Depois de levar uns safanões bem dados da Mulher-Gato,Batman reage e desce o braço na garota. Percebendo que não é párea pro homem-morcego brigando no mano-a-mano, ela faz cara de coitadinha, e solta um "como você pode? eu sou uma mulher!". Batman se desculpa,baixa a guarda e estende a mão para ajudar a Mulher-Gato que dá uma pesada nele jogando-o pra fora do telhado.

"Cuidado! Mulheres não são cordeirinhos". Quem avisa amigo é, e foi uma amigA que alertou Candrel, que costumava se referir às mulheres como seres delicados, sinceros e compreeensivos. Sua amiga Priscila o alertou de quão distante da verdade estava. Candrel devia esquecer o discurso de mártir, que as colocavam como vítimas da insensatez masculina? Exatamente!

Pra entender a teoria há de se viver na prática? Candrel viveu: no casamento. Diante da insensatez feminina experimentou a lei que dizia que ele era culpado até que se provasse o contrário. Quando ficou claro o desequilibrio de sua companheira, encontrou quem tivesse pena dela: "é mais difícil para uma mulher", diziam.

Legalmente divorciado fazia uma semana Candrel comentou sua recém liberdade com uma colega de trabalho . "Coisa boa você não deve ter feito", foi o que ouviu.

"Homem não presta" e "é tudo igual" é o clichê mais enganoso aos ouvidos de Candrel, que chegou a se sentir preso num planeta em que os cordeiros pareciam ter um complô para dominar o mundo. Esse mundo emque existem regiões nas quais se cortam fora o clitóris das mulheres para que elas não sintam prazer nunca, e em grande parte desse mundo elas estão sempre a mercê das vontades, mandos e desmandos masculinos. Homens: esses animais cruéis e insensíveis educados por... mulheres!
A mãe de Candrel não teve o melhor marido do mundo, mas disse "as mulheres não deixam os homens serem pais! não querem que eles cuidem,não os educam pra isso!" . Entre o coro que jogava toda uma carga de crueldade nos ombros dos homens, era uma voz dissonante.

Como um sedento no meio do deserto do Sahara, Candrel encontrou um livro de Lya Luft, "O Rio do Meio". Escritora gaúcha, normalmente a descrevem como uma autora que fala de mulheres, de sua alma. Uma voz mais que sensata no meio dessa insensatez coletiva que nos ensina existir o sexo bom e o sexo mal, o sexo que cuida e o sexo que agride,o sexo que fica e o sexo que parte. Uma das possíveis conclusões que Candrel retirou do livro de Lya: não há lobos e cordeiras. Pelo menos eles não existem assim, divididos claramente por gênero. Lobos e cordeiras não procriam entre si. A amiga de Candrel o havia alertado,Candrel aprendeu e ficou feliz em ler no livro de Lya Luft que havia outras vozes destoando do coro. Não lamentou por um dia ter acreditado no clichê que hoje lhe soa tão ridículo.


Se até Batman que é tão esperto já se enganou...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ENSAIO SOBRE O FIM DO MUNDO

Crise na economia mundial. Há quase um mês só se fala em bolsa de valores, pacote de ajuda dos Estados Unidos, salvar os bancos, o câmbio do dolar, crise , crise, crise!!!


Parece o fim de como conhecemos o mundo. Grande mobilização para salvá-lo, e, quem não fazia parte da festa mesmo assim será convidado a pagar a conta. Um convite que não vai poder recusar. Alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo. Palhaço que sou, quero mais é assistir às labaredas sentado numa poltrona,tomando suco e comendo pipoca. Que me chamem de ignorante por também ter a perder com o fim do mundo, já que até no preço da pipoca vão me fazer pagar a conta .


No domingo, enquanto o mundo não acaba, fui assistir a "Ensaio sobre a Cegueira"(Blindness) no cinema, um lugar adequado para se comer pipoca, mas em vez de pipoca comi uns salgadinhos, em companhia de uma garota interessante, o que rendeu um agradável papo depois do filme.
Antes disso me preparei para o cinema reassistindo em DVD ao filme anterior do diretor Fernando Meirelles, "O Jardineiro Fiel" . Lá estava a África servindo de palco para um suspense + bela história de amor, como em outros ótimos filmes nos últimos anos, entre eles, "Diamante de Sangue" (que retrata Serra Leoa, com Leonardo di Caprio) e "Hotel Ruanda".
A África está lá depois do Oceano Atlântico, também um pouco em cada esquina, e pouco ou muito em cada família. Pensando nas nossas virtudes e problemas herdados de além mar vejo "Ensaio Sobre a Cegueira" (Blindness), onde uma São Paulo que fala inglês faz o papel de qualquer metrópole.

O enredo básico da "...Cegueira" : ocorre uma epidemia de cegueira e os doentes são isolados para evitar o contágio de ainda mais pessoas.

A tese sobre a "...Cegueira" : "A Ocasião Faz o Ladrão". Ou pelo menos "mostra o ladrão", quando as privações por que passamos personagens revelam suas verdadeiras faces, mostradas ainda mais facilmente quando nem eles mesmo podem vê-la devidoà cegueira.

O Diagnóstico Sobre a "Cegueira" : Belo em sua realização, belo até pelo simples fato de ter sido realizado, já que foi a adaptação de um livro certa vez chamado de inadaptável, do escritor português José Saramago , até hoje único Prêmio Nobel em nossa língua. Ainda assim com imagens feias da degradação humana emoldurada pelo concreto de qualquer metrópole.


Como disse, depois do filme rolou um papo cabeça com uma garota interessante (sem nomes, ok?). Pensamento na crise, lembrando da África como retrato dos que vão pagar a conta sem participar da festa, tudo parece complexo, pois como sempre,e como a canção, "o mundo anda tão complicado". É a crise, é o capitalismo, são as pessoas, é macho, é fêmea... Ensaiei uma tentativa de entender a alma feminina. Quem leu meus últimos textos aqui no blog pode me imaginar o retrato do homem compreensivo e sensível, e... "será que ele tem a tal pegada?". Será???


Acordo cedinho na segunda-feira e a manchete do jornal me lembra que no dia anterior a Seleção Brasileira jogou contra a Venezuela pelas eliminatórias para a Copa do Mundo : "4x0- com Kaká,Brasil dá show." e logo abaixo: "Brasil agora está em segundo na classificação , à frente da Argentina". Senti uma alegria tola e vã. Pensei: "Brasil goleando a Venezuela e à frente da Argentina! O mundo voltou ao seu eixo". Perdoei a mim mesmo pela insensibilidade perante as dores do mundo, e me permiti não fazer sentido algum. A meta agora é a seleção atravesar o Atlântico e desbravar a África no próximo mundial, a Copa da África do Sul , em 2010.


No fim das contas, seja qual for meu curriculum, meu conhecimento sobre cultura, se tenho ou não tenho a pegada, sensível ou não, sorry, ladies, but I'm just a man! (Desculpem, senhoras, mas sou penas um homem!)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

SINFONIA VIVA

Que as mulheres gostariam de ter a facilidade de fazer xixi em pé, sem nenhuma cerimônia, principalmente quando a vontade aperta no meio da rua, a maioria assume sem problema algum. Mas duvido que alguma ache nosso aparelho reprodutivo, ou pra ser menos formal, nossa área de lazer, melhor do que o delas. Ao menos, as bem informadas. ...Ou bem tocadas.
Fazendo uma analogia, o corpo feminino no decorrer da história sempre foi um magnífico instrumento musical a mercê dos conhecimentos do músico. Casanovas e Don Juans sempre foram aplaudidíssimos por sua capacidade de retirar as mais belas notas de um instrumento que nem todos conseguem tocar tão bem.

Entretanto, o músico sem o instrumento, não impressiona só assobiando. O corpo feminino, impregnado de música, é a fonte das grandes sinfonias e das canções singelas. No corpo masculino a área musical é mais concentrada, e por mais magnífico que seja seu oboé, o corpo feminino é uma orquestra. Flauta, saxofone, fagote ou oboé, com um pouco de boa vontade, não é tão difícil tirar um belo som do nosso instrumento. Fácil, fácil de ser aplaudida de pé.
Com o mesmo interesse é possível um autodidata se tornar um grande músico na orquestra feminina. Fica mais fácil quando o instrumento mulher não espera que o músico tenha poderes sobrenaturais, seja um X-Man que lê mentes. Um bom aluno é guiado pelos pequenos sons, os gemidos, mas alguns precisam de mais instruções.
Felizmente, nos tempos atuais, a mulher também tem se responsabilizado pela busca do prazer. São tão autoras de suas sinfonias quanto os músicos. Bem justo que na língua portuguesa, o feminino da palavra músico seja a própria música (pra evitar confusão, criou-se a palavra musicista).


Houve um tempo em que um homem renomado, criou uma teoria que dizia que as mulheres invejavam nosso instrumento. Sigmund Freud, pai da psicanálise, e autor de tal teoria, nunca deve ter visto uma mulher em plena apoteose rítmica. Ou ele talvez teria ficado encucado com a diferença, comparando com o efeito de sua flautinha. Se Freud teria motivo para ter inveja, e a teoria talvez fosse o inverso, nós nunca saberemos.
Os homens não precisam deixar de amar seus saxofones, fagotes, oboés ou flautinhas. Mas não vá empinando o nariz e fazendo pose, mesmo que ela arregale os olhos diante da extensão de seu
instrumento. Você vai precisar de mais do que tamanho para fazê-la virar os olhos. E se for um bom músico, não há porque lamentar ao ver que Deus dotou as mulheres com a capacidade de atingir notas que você jamais atingirá, agradeça a Papai do Céu por poder fazer parte dessa festa que não é só para os ouvidos.

sábado, 4 de outubro de 2008

FALAR, FALAR, FALAR... E ALGUÉM QUE OUÇA - Do Que As Mulheres Gostam - parte 3

Um homem precisa saber que há uma parte de seu corpo que ele vai ter que usar mais que as outras se quiser realmente agradar e fazer feliz uma mulher. Se começou a pensar na sua preocupação com os centímetros e a firmeza, ou com o tempo que você consegue manter essa parte de seu corpo em pleno funcionamento, devo informar que estou falando de algo que normalmente temos em pares e não aumenta de tamanho em momentos mais, digamos, estimulantes : os ouvidos.

Antes quero que lembre se conhece ou já conheceu alguém com problemas de gagueira. Pense bem, já conheceu algum gago? Pense um pouco mais: já conheceu alguma gaga? Se a resposta para a segunda pergunta é afirmativa, saiba que você conheceu um espécime raro: mulheres são minoria entre os gagos. Pergunte a algum fonoaudiólogo, e ele vai lhe dizer que a maioria dos seus pacientes com problemas na fala (que não tenham problemas auditivos) são do sexo masculino.Saiba também que, em geral, meninas desenvolvem a fala mais cedo.

Meu filho Gabriel deu seus primeiros passos no dia exato em que completou 8 meses. Passos quase perfeitos, seguros, sem apoio algum. Apesar da precocidade, tive que esperar beeem mais para que o que ele balbuciava fizesse algum sentido.


Faça o seguinte teste: converse um assunto que exige mais atenção ou raciocínio com uma mulher que esteja digitando um texto na frente de um computador. Depois faça o mesmo com um homem. Vou adiantar pra você o resultado. Normalmente o homem terá que fazer pausas para prestar atenção no que se diz e às vezes até pra falar, enquanto uma mulher vai desenvolver as duas funções (conversar e digitar um texto no computador) com bem mais desenvoltura. Há muitas excessões mas muitos dados levam a crer que a habilidade da fala é naturalmente mais desenvolvida nas mulheres, como se nós homens tivéssemos que correr atrás do que Deus dá a elas de graça.

Falando em Deus, considerando o que a Bíblia diz sobre Adão ter sido criado primeiro, ele não falava muito até porque não tinha com quem conversar (Deus não podia ficar batendo papo com ele o dia todo), mas Eva foi criada justamente pra fazer companhia ao homem. Não devia ser uma garota tímida. Se a Bíblia for só alegoria (verdadeira, mas não pra serinterpretada ao pé da letra), talvez isso signifique que o primeiro homem das cavernas a falar foi na verdade uma mulher das cavernas. Agora chegamos ao ponto, quando a força bruta importava mais que o intelecto, o homem, com seus músculos dominou o mundo e impôs as funções da mulher. O lugar dela era a dentro de casa, de preferênciana cozinha. Mas quando o homem foi se desenvolvendo, ficando menos bruto, ele viu que usando a força não tinha o corpo da inteiro da mulher. Faltava o coração.

Aí o homem teve que aprender a falar bonito. Foi meio complicado,para quem estava acostumado a grunhir. Dedicado como era, o homem se tornou poeta, a mulher sua inspiração. Metido a dominar e impor regras, o homem criou a gramática. Conquistou o coração da mulher com suas palavras doces, mas ainda era meio mandão.
Aí a mulher também evoluiu. E quer mais. Quer ser ouvida. Afinal,aprendeu a falar primeiro que o homem. Quer que o homem aprenda outra lição que ela aprendeu primeiro: ouvir.
Elas a-do-ram falar!!! Concordo que existe a mulher xingadora compulsiva, e homem nenhum tem que dar ouvidos a uma enxurrada de palavrões, que ouvido não é penico. Mas se o homem prestar mais atenção no que diz a mulher vai deixá-la mais feliz, e será mais feliz, pois vai ficar mais à vontade para usar outras partes de seu corpo em benefício dela e dele mesmo, e se preocupar menos com centímetros.