quarta-feira, 28 de maio de 2008

"É UMA BOSTA!"

Meu professor de estatística no curso de Gestão de Turismo (CEFET _PE) , Sérgio Barreto, além de divertido com suas estórias engraçadas e tiradas inusitadas, é, como eu, um grande fã da sétima arte (que é, pra quem não sabe, o cinema. Se alguém souber as outras 6 por favor me diga). Dia desses, numa de suas aulas, ele comentava estar aguardando ansiosamente o novo filme de Tom Cruise, baseado num episódio histórico da Segunda Guerra Mundial, "Operação Valquíria" (Alô , Raquel!). "Espero que ele não estrague o filme" disse o professor referindo-se ao ator .
Ainda escrevo aqui em defesa do desacreditado Tom Cruise, que considero um bom ator, mas fica pra uma próxima vez.


Bom, a conversa ia descontraída quando nosso colega Joelmir cita o filme "A Vila" como exemplo de filme ruim. Já estava eu pensando "Como assim? Hã? Hello? Dá pra dizer de novo?", quando Victor Hugo, que estava ao meu lado, emendou à declaração de Joelmir um sonoro "É uma bosta!"

Tenho o DVD desse filme , já emprestei pra alguns colegas da turma e só quem não gostou foi a Camilla, por não ter gostado do final. Hum... mas depois que ela disse ter detestado "Romeu & Julieta" porque não gostou do fim eu descredenciei o julgamento dela. "Eles morrem no final, poxa!!!" justificou Camilla.
Quem sou eu pra descredenciar o julgamento de quem quer que seja? Ah, tá bom. Desculpa, Camillinha, foi mal. Mas, sem que Camilla nos ouça, vamos combinar que depois dessa ela virou meio café-com-leite.

"NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO"
Cheguei à conclusão de que há muita verdade nessa frase, porque consigo identificar em quase tudo o que gosto muito um pouco de mim mesmo. è o que chamamos de se indentificar.
Sempre que dizemos "me identifiquei com fulano" ou "me identifico com isso", significa que gostamos de "fulano" ou do "isso". Gostamos porque há algo de nós ali que ecoa em nós mesmos.
Quero dizer que naquela garota maravilhosa que você acha tão cheia de qualidades que se sente intimidado há também algo de você mesmo. Ainda que ela também tenha qualidades que você almeja, são aquelas características que encontram eco em você que te fazem inconscientemente dar o aval :"É Ela!!!"
Só não vá sair por aí dizendo: "Aí, gostosa! Eu quero você porque você é tão boa quanto eu!"



VAN DAMME & RITA LEE
Nunca consegui encontrar nada de mim nos filmes do Steven Siegel. Nos meus 14 anos havia algo de mim nos filmes do Van Damme, mas hoje não há mais. Nossa colega de curso, Mayara, ama intensamente o filme "A Liberdade É Azul" porque o Narciso dela se identifica com o filme.
Hum,... Raquel adora filmes de guerra = Raquel é uma pessoa violenta???
É mais ou menos a essa conclusão que chegam os que proíbem video games violentos. ...Mas aí já é outra discussão.
Eu também amo filmes de guerra (Segunda Guerra Mundial , de preferência), mas nunca cheguei, nem quero chegar, perto de uma arma, ou seja, não é tão simples assim.

O certo é que meu Narciso se viu em "A Vila" . Devia ficar magoado porque Victor Hugo acha "A Vila" uma bosta? Meu Narciso não é tão melindroso assim, e afinal , não há motivo pra isso. Há uma passagem bíblica que diz "Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento. " (Eclesiástes 1:14) Tudo é vão, meu irmão!
Seja como for, Rita Lee faz isso mais fácil de entender numa bela canção que diz "TUDO VIRA BOSTA!"





Numa próxima postagem: "A Vila" - afinal , o que diabos Candrel aprecia nessa "bosta" de filme???






domingo, 25 de maio de 2008

CÍRCULO DE FERAS




Estudo Gestão de Turismo no CEFET-PE com um turma que adoro e temos esse semestre uma cadeira chamada 'Gestão de Animação Turística', mas que poderia se chamar 'Polemização ou A Arte de não partir para a Guerra', tamanha é a quantidade de temas polêmicos que nosso professor, Bocão, nos traz para nos "fazer refletir" , como se justifica ele.


Dia desses veio à baila o tema pena de morte. Sério , não é?

Mas antes desse, foi discutido o tema: a busca sem limites pela beleza. O que dita a beleza (?), cirurgia plástica, bulimia, auto-estima, pressão da mídia(?), só da mídia (?). Aceitar-se como se é ou mudar o que não se aceita? Todo mundo condenou o exagero. Mas o que é exagero eu não sei, não sei quem decide o que é, e isso não foi discutido.


Rafaela parecia defender o direito de mudar em si o que não se aceita. Raquel se ergueu em defesa do aceitar-se como é. Sem querer alfinetou as loiras falsas. Giweida, our lovely fake blonde*, defendeu o direito à recorrer a química sempre que quisesse ter nos cabelos cores que a agradassem mais do que aquelas que a natureza lhe deu.


Sweet Raquel exerceu com maestria A Arte de não partir para a Guerra, indo rir junto com Giweida sobre a flecha disparada para quem servisse a carapuça. Ou nesse caso flecha... Ou nem flecha, nem carapuça... Ah! Acho que já deu pra entender, não deu?
Essa foi até fácil. E falar sobre pena de morte ?


Assunto em pauta, o professor pede uma contagem dos que se dizem contra e os que se dizem a favor da pena de morte. A turma se divide meio a meio. O professor desempata, ficando entre os que são contra a pena capital. De um lado e do outro, alguns se expressam cheios de "poréns" e "se". De "Se" eu gosto mesmo é daquela música do Djavan. Ok. Também me dou o direito de não ter certezas inabaláveis, mas sobre esse assunto prometo não ficar em cima do muro.
Raquel e Giweida, que na outra discussão pareciam em lados opostos , se disseram contrárias à pena de morte. Raquel é contra incondicionalmente. Giweida é contra por motivos que me parecem ser possíveis de serem alterados, parecendo-me, portanto, uma opinião condicional. Victor Hugo é a favor da pena, mas com tantas condições que só numa sociedade perfeita ela caberia, e, numa sociedade perfeita assim talvez já tenhamos achado outras alternativas.


Depois de mais alguns "se" e "poréns", um defensor da pena de morte dispara um "se fosse minha filha..."
Antes de dizer minha opinião a respeito desse tema, quero falar de Gabriel, o fruto de meu casamento que foi bom, e também muito ruim, enquanto durou.
Sempre soube que seria pai, sem pressa, mas com essa certeza. Capricorniano que sou, não dá pra culpar apenas meu ascendente em câncer por ter me tornado mais chorão de uns tempos pra cá. Deve-se também a Gabriel, meu pequeno canceriano com ascendente em aquário, esse perpétuo desconforto por caminharmos ainda entre feras. Preocupa-me quanta maldade seus lindos olhos extremamente escuros ainda verão nesse mundo.


"E se fosse com teu filho?" Se o ser que pôs mais válvulas no meu coração fosse vítima da fera que habita um ser humano? Desejaria não só a morte a essa fera mas que fossem minhas as garras que retirassem dela a vida.
Hum, então sou a favor da pena de morte? Total e incondicionalmente contrário, porque a justiça deve existir como coleira para as feras que (não se engane) habita em cada um de nós, sendo as leis os chicotes para os domadores de leões. Pois, em vez de retrato do que somos, as leis devem ser retrato do que almejamos ser.


Se fosse com filho, e eu tivesse a chance...
Ainda assim : sou contra a pena de morte!






*our lovely fake blonde = nossa adorável falsa loira

sexta-feira, 23 de maio de 2008

QUARTETO FANTÁSTICO




Falo agora de 4 filmes que me proporcionaram um grande deslumbramento em diferentes momentos da minha vida.

O primeiro deslumbramento foi ao assistir ao filme Dança Com Lobos(1989) , um veículo de comunicação da época (se não me engano um jornal americano) disse, depois arrebatados os 6 Oscar que ganhou(incluindo melhor filme e direção), que "Hollywood fazia as pazes com a história", por colocar os indígenas americanos no seu devido lugar, o de vítimas de uma imensa horda de invasores que os privou de tudo com exceção de sua honra.
Se não bastasse o enredo muito bem construído, fazendo justiça, como foi dito, ainda temos paisagens deslumbrantes. Um filme emocionante, belo em cada palavra (com a narração de Kevin Costner, diretor e protagonista) , belo em cada imagem, belo em cada som. Aos 16 anos, quando assisti a esse clássico, dizia aos 4 ventos "Dança Com lobos é o melhor filme que já vi na vida". Tinha eu ainda muito por viver, é certo, mas o tempo não o fez esse filme menos maravilhoso.

Muitos outros eu amo na mesma medida, pela perfeição (ex.: O Resgate do Soldado Ryan; A Lista de Schindler), ou beleza (ex: O Talentoso Ripley; Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças) emoção (ex: E.T. O Extra-Terrestre ), ou
mesmo pelo tratamento que dão a temas que falam a mim intimamente (ex: Melhor É Impossível ; Beleza Americana) .
Mas elegi esses 4 filmes pelo deslumbramento instantâneo, quase como um choque, ou um soco.

O segundo desses foi Matrix (1999) . O filme de ficção científica perfeito. Sua enxurrada de citações à cultura que norteou e norteia nossa civilização ocidental (grêga, bíblica, artes marciais, religiões orientais, tecnológica, pop) é um brinde ao século que se aproximava do fim. Só queria que ele fosse filho único, pois não gostei das continuações. Mas isso não diminui seu impacto, sua perfeição. E tem até romance "você não pode estar morto, pois o oráculo disse que eu me apaixonaria pelo escolhido (the one). Você não pode estar morto... porque eu o amo!". Massa!!!


Quem lembra do tempo em que filme brasileiro era sinônimo de porcaria?? Eu lembro. Depois de ótimos filmes como "Central do Brasil", entre outros. Ainda faltava "O" filme que varresse qualquer dúvida de que havíamos chegado à perfeição. O meu terceiro deslumbre foi "Cidade de Deus" .
Com uma equipe inteiramente brasileira foi produzida essa aula de cinema, que só dá pra aproveitar totalmente com muita atenção aos detalhes, talvez sendo necessário vê-lo outras vezes. Cinema bra
sileiro chega a maioridade !

O mais recente deslumbre: o filme mexicano "O Labirinto Do Fauno", mistura de fábula infantil (para adultos porque tem cenas fortes), filme histórico, e retrato da humanidade (com suas melhores virtudes e piores defeitos) , é fantástico e mostra que fora de Hollywood sempre se fez coisas boas mas hoje isso está ainda mais evidente. Tive vontade até de divulgar esse filme de algum modo ... outdoor? panfletagem? Sei lá! Lindo e de cenas "feias" costurados por perfeitos alfaites!
Esse é realmente um quarteto fantástico!!!






domingo, 18 de maio de 2008

SOBRE MENINOS E VAMPIROS



Continuando as sessões de cinema resolvi assistir ao primeiro filme da trilogia BLADE, o caçador de vampiros, que um amigo me emprestou, com Wesley Snipes. Não é meu tipo de filme. Até disse pra minha mãe "Agora vou assistir a um filme de macho " . Associam a masculinidade a filmes descerebrados com muita pancadaria, mortes, e um corre corre dos diabos. Por que? Talvez porque a maioria da parte mais peluda da humanidade realmente se entrete bem mais com piruetas visuais do que com piruetas no texto. Só aprendemos a fazer frases mais complexas pra chegar até vocês, ladies. Hum, e cultivar sensibilidade entre nossos atributos mais brutos ajuda a apreciar vocês bem mais. Se bem que vocês têm suas fantasias com nosso lado homem das cavernas , não tem? A gente se merece.


Bom, assisti no domingo pela manhã à primeira parte da trilogia "Blade - O Caçador de Vampiros" . Com muita boa vontade pra se perdoar o enredo , as poses de troglodita e as frases de efeito (que efeito?), deu pra lembrar dos meus 14 anos em que eu me reunia com meus amigos e ia ao cinema ou à um encontro com o vídeo cassete ver o mais novo lançamento do Van Damme. Uma farra! A gente assistia ao filme do Schwarzenegger e isso virava horas de assunto pro dia seguinte. "Ignorance is bliss", meu caro.

Mas pensa bem, será que não dá pra ter toda a pancadaria e correria, e , com um enredo que se tenha pensado bem mais do que quinze minutos , conceber um "Matrix"? Ou, mais fácil, um desses filmes do Matt Damon (isso mesmo, a trilogia Bourne) ???

Dá pra ser feliz sendo hinguinorantchi, mas não precisa ser tanto.


Ok, ok. Mas deu pra curtir o tal "Blade" . É só por o cérebro em marcha lenta, hehehe!

"I" de IDENTIDADE e de IGNORÂNCIA


Pra terminar as sessões de cinema desse sábado eu terminei a noite assistindo, sozinho, a um filme que havia assistido há uns 4 anos e gostado muito: "Identidade" (2004) . Com um elenco muito bom (entre eles John Cusack, Amanda Peet, Ray Liota, Rebecca de Mornay e Alfred Molina) ele começa como um suspense que remete aos clássicos do preto-e-branco: 10 pessoas hospedam-se num motel bem chinfrim de beira de estrada porque chove uma tempestade digna da Arca de Noé e as estradas inundaram. Uma a uma essas pessoas vão morrendo e um clima de desespero e desconfiança toma conta de cada momento do filme.

IGNORANCE IS BLISS: Já ouviram a expressão americana (se não é americana foi nos filmes deles que eu aprendi) "A ignorância é uma bênção" (ignorance is bliss - na verdade uma tradução mais fiel para bliss seria êxtase, mas sempre traduzem por benção nos filmes por se tratar de um êxtase espiritual) . Pois é. Eu adorei o filme "Identidade" quando o assisti há uns anos. Comentando com uma amiga que também havia visto o filme , ela me deu uma interpretação diferente do que eu havia entendido. Só nesse fim de semana eu tirei a dúvida se eu havia entendido bem o enredo do filme. Fui num lugar na centro em que se vendem filmes de segunda mão (aparentemente de locadoras que faliram) por apenas R$ 5,00 e comprei o bendito "Identidade" . A surpresa foi ver que eu tinha entendido tudo errado!!! Engraçado??? Mais engraçado é dizer pra vocês que gostava mais do filme quando eu o tinha entendido errado !
Mesmo assim, falando sério, é um filme muito bom pra quem não estiver esperando um clássico do suspense , como Psicose (de que esse filme me faz lembrar - mas beeeem de longe) . Experimentei meu momento "os burros são mais felizes" hehehehe

EM BUSCA DE UM ÓTIMO FILME



Citei eu Johnny Depp na última postagem e , lá fui eu pra segunda sessão desse fim de semana , dessa vez tendo ele como protagonista: "Em Busca da Terra do Nunca" . Simplificando ao máximo é sobre o escritor que escreveu o clássico infantil Peter Pan, e o processo de fazê-lo. Havia já assistido anos atrás. Um filme bonito, sensível, bem interpretado por Johnny Depp (econômico, preciso). Complicando um pouco a definição do filme ele é sobre amadurecer, sem que isso impeça de aproveitar os momentos simples da vida. Quem assistiu à versão mais recente de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" com Johnny Depp vai rever o garoto Charlie (o ator Freddie Highmore) , que "Em Busca da Terra do Nunca" teve sua primeira atuação ao lado de Johnny Depp interpretando Peter, o garoto que deu nome ao personagem Peter Pan.
Minha irmã Poliane, que havia assistido ao filme no dia anterior e minha mãe (que passou parte do filme arrumando alguma coisa num senta e levanta repetitivo) acharam "oh, muito lindo" . Eu também recomendo.

A LIBERDADE PARA ASSISTIR A BONS FILMES NO FIM DE SEMANA

Esse fim de semana eu aproveitei pra acordar tarde e assistir a uns filmes legais. Minha amiga Mayara, emprestou-me " A Liberdade é Azul". Na década de 90, entre os anos de 1993 e 1994, um diretor polonês chamado Krzysztof Kieslowski realizou (e lançou) 3 filmes que foram chamados de a trilogia das cores, cada um deles representando uma das cores da bandeira francesa que por sua vez representam os 3 ideais da republica francesa. Pois é, "A Liberdade é Azul" é um deles, o primeiro da trilogia, com a atriz Juliette Binoche , francesa, que também pode ser vista nos filmes "O Paciente Inglês" (não aconselho por ser chatíssimo! - e daí que ganhou 9 Oscar???), "Chocolate" (gostoso como o nome, e com Johnny Depp, que as moças dizem achar mais gostoso ainda) e também em "Perdas e Danos" , intenso filme sobre traição (mas não me comoveu, sorry.).

Minha mãe assistiu a todos esses já citados acima, gostando particularmente de "Chocolate" , e também apreciou bastante a intensidade de "Perdas e Danos". Pois fui assistir ao "A Liberdade é Azul" na casa de, e com, Dona Fátima , que logo ao reconhecer Juliette Binoche me veio com um "Ah eu adoro filme com essa mulher!" . E lá vamos nós filme adentro, em uma hora e meia que pareciam muito mais. Tá pensando que filme francês é fácil? Mas o diretor é polonês! Que seja!

Um filme que passou bem sua mensagem, que não é má, mas a lentidão dos acontecimentos, e a câmera centrando-se na interpretação e na figura de Juliette Binoche, nos deixou impacientes nos minutos finais, e em mim a dúvida de se não seria possível passar a mesma mensagem em 30 minutos e fazer um curta. Bom, eu consegui narrar o filme em menos de 1 minuto e , se muito, umas 4 frases.

É uma delícia ver a atuação de Juliette Binoche, mas esse filme serviu principalmente para que eu entenda o valor dos curta-metragens.

Essa foi a primeira das sessões desse fim de semana.

Falta perguntar a minha querida amiga Mayara, o que diabos eu não saquei no filme, já que acredito que entendi a mensagem, só achei a embalagem com muito papel no embrulho.

Depois disso: "E aí, Mainha, pronta pra próxima sessão??"

quinta-feira, 8 de maio de 2008

CORPO FECHADO: ERA UMA VEZ O AGUARDADO SEGUNDO FILME


Sonolento. Assim é aquele que foi o aguardado segundo filme do diretor M. Night Shyamalan. Depois de conquistar público e crítica , sendo comparado às lendas da direção Spielberg e Hitchcock , com o filme "Sexto Sentido" , sua estréia por um grande estúdio, "Corpo Fechado" (Unbreakable) é um indutor ao sono. Um filme à meia luz, com momentos chuvosos (perfeito para um cochilo), em que os personagens falam sempre sussurrando, como se houvesse um bebê dormindo por perto. Não espere ao menos um momento de susto repentino (como em "Sexto Sentido" ) para impedir o espectador de cair no sono.
O diretor Shyamalan começa aqui a criar uma marca ao repetir suas fórmulas:
1-Cenas longas com poucos cortes.
2-movimentos lentos de câmera.
3-câmera seguindo o personagem, alternado a pessoa que fala num diálogo.
4-uma cena em que os personagens são mostrados refletidos e não diretamentes ( a cena em que a mãe de Mr. Glass tenta convencê-lo a descer para brincar no playground)

O mesmo acontece com o Shyamalan autor: Uma criança (ou alguém mais jovem) é quem de início percebe ou acredita em algo que os adultos não acreditam.

Dito tudo isso, o veredicto parece ser que "Corpo Fechado"(Unbreakable) é um filme enfadonho de um diretor/produtor/roteirista repetitivo.
Deve ser surpreendente saber que adoro esse filme.

"Corpo Fechado" é um filme sério sobre um assunto que ninguém levaria a sério: a existência de super-heróis e super-vilões. Sustenta-se pelo tom correto , pelas reações críveis de seus atores. Bruce Willis está perfeito em sua apatia; Samuel L. Jackson consegue não ser caricato interpretando um personagem que talvez um outro ator o fizesse apenas um louco de pedra; e a atriz Robin Penn Wright, não poderia ser mais feminina em seu sofrimento.
É certo que as reações não são nada "latinas",e o que se vê são sentimentos contidos: a paixão cerebral de Mr. Glass para que algo sem sentido dê sentido à sua existência; a paixão que aguarda (tão feminino isso) da sra. Dunn, esperando um renascimento ou um ponto final para seu casamento; a paixão irrevogavelmente crédula do pequeno Joseph Dunn por seu pai; e o apático David Dunn (Bruce Willis , repito, perfeito), que escolheu entre duas paixões e vive sua vida desapaixonadamente.
"Corpo Fechado" é sim um filme sobre a possibilidade de existirem super-heróis vivendo entre nós, mas é também, ou principalmente, um filme sobre a busca por uma paixão, sobre a sede de se apaixonar, por reapaixonar-se ou por manter acesa a chama dessa paixão.
Não é essa nossa conhecida ardente paixão latina, mas uma paixão mergulhada num filme sonolento, sutil. Como estão às vezes mergulhadas nossas paixões.
Quem deixar de lado o preconceito contra filmes de super-heróis poderá apreciá-lo.
Conselho: melhor não assistí-lo depois de um longo dia de trabalho.